A longa história e a complexa tradição da arte japonesa de combate é embasada numa grande variedade de formas, métodos e armas, que caracterizam de maneira marcante suas especializações.
Cada especialização é conhecida pelo termo “jutsu”, uma palavra que pode ser traduzida para o nosso idioma como “método”, “arte” ou mesmo “técnica”. O termo jutsu é um indicativo de que existe uma mesma maneira ou performance característica naquele modo de executar a ação a que se propõe.
Geralmente, entende-se que performances em comum descendem de outras artes, e que desenvolveram também outras formas de performances e de procedimentos característicos de um novo jutsu. No caso do contexto do modo japonês de combate, no entanto, uma especialização consiste em algo metódico, sistemático e particular no manuseio de uma arma.
É muito comum o método de se identificar a especialização de combate pelo nome da arma que introduz sua prática. Isso é constatado, por exemplo, noKenjutsu – a arte (jutsu) da espada (Ken). Porém, não é nada raro, no entanto, verificar que determinadas especializações possuem, como nome de identificação, o significado ou objetivo de sua prática, mesmo que não utilizem armas, como Aikijujutsu – A arte (jutsu) da harmonia (ai) da energia (ki) suave, flexível (ju). A suavidade é a maneira de conduzir a energia do inimigo na aplicação de uma defesa de combate, mesmo que com movimentos firmes.
Freqüentemente, uma especialização de combate possui sub-especializações, muitas das quais apresentaram ao longo de um refinamento técnico, uma variação perceptível e sensível se comparada à da origem, acabando por se tornarem especializações e se desvinculando de sua arte matriz.
Dentro do Bugei, mais precisamente da linhagem do Kaze no Ryu, essa desvinculação não existe, pelo simples motivo de sua alteração não ser permitida. Todas as artes de combate dessa linhagem ainda se mantêm fiéis às tradições de guerra. Isso explica a grande rigidez exigida ao praticante ou aluno interno, não sendo permitida a reprovação na prática de quaisquer matérias. A falha na manutenção exata da performance ou método de aplicação das técnicas é considerada grave, e o aluno passa a ser excluído da arte do Bugei, não possuindo mais autorização para praticar a arte em quaisquer das escolas ou instituições da linhagem, em seu país de origem ou no mundo.
É verdadeiro, porém, que determinadas artes clássicas tenham possuído sub-especializações, como o Kenjutsu – arte da espada – que originou a arte de desembainhar a espada – Iaijutsu, e esta, pela grande quantidade de detalhes e procedimentos, acabou por se tornar uma outra arte em si, de igual nobreza e complexidade.
Finalmente, é possível encontrar também, artes cujos nomes de identificação sejam caracterizados pelo nome do mestre que a deu origem (no caso do refinamento de um estilo ou arte matriz, ou ainda possuidora de um procedimento característico de uma linhagem familiar), ou ainda pelo nome da escola em que essa arte particular foi ensinada.
As especializações das artes japonesas de combate são aquelas que foram desenvolvidas e que atingiram o apogeu de sua perfeição no período feudal da história japonesa. Esse período se estende por, aproximadamente, nove séculos, desde o final do séc. IX e início do séc. X até séc. XVIII, mais precisamente até 1868, quando, na Restauração Meiji, a era feudal foi oficialmente declarada encerrada.
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