O Heiho é a estratégia, dentro do Bugei. Trata-se de uma disciplina que faz parte da história da humanidade desde a Antigüidade. Particularmente destacada em todas as nações que protagonizaram guerras, ela adquiriu diferentes formas, tratamentos e diretrizes em cada cultura, e evoluiu, de modo que se obtivesse mais eficiência nos resultados.
No Oriente, algumas obras que tratam do assunto tornaram-se célebres, como "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, e "Go Rin no Sho" (O Livro dos Cinco Anéis) de Miyamoto Musashi. Na história do Japão, repleta de guerras e conflitos, a estratégia desempenhou um importante papel, auxiliando os líderes militares a realizarem as melhores manobras.
Conhecida como Heiho, no Japão, em algumas escolas assumiu também o nome de Bohiyako, que compunha um raciocínio voltado para o campo de batalha e as ações do inimigo. No Kaze no Ryu Bugei, particularmente, é uma das matérias mais fortes, fazendo parte integral do caminho do aluno desde a graduação de Uchideshi, que obtém sua formação em tal matéria com oito anos de estudo.
A formação militar e as manobras utilizadas em suas atuações fizeram da estratégia o temor dos que não a conheciam. De fato, a estratégia permeia a maioria das disciplinas físicas do Bugei, uma vez que se interage constantemente com um oponente, em cada técnica aplicada. Por outro lado, ela abrange uma esfera de atuação ainda maior, quando aplicada no campo de batalha, através do planejamento das táticas de guerra. No mundo atual, em que as guerras voltaram-se ao campo mercadológico e corporativo, as estratégias assumem papel decisivo. Na área de administração e marketing, os antigos jargões e manobras de guerra são usados até hoje, porém transportados a uma nova realidade econômica.
De modo simplificado, estratégia seria "o que fazer" e "por que fazer". É a determinação das táticas a serem aplicadas em campo. Várias escolas dedicaram parte do aprendizado ao assunto que, aliado a estudos de táticas, treinamentos e teorias, compunham a estratégia militar como uma arte em si própria. No século XVII, tais disciplinas eram assim divididas:
- Heiho - estratégia militar;
- Senjo Jutsu - táticas, manobras e manejamento de tropas;
- Soren - treinamento e preparação de tropas (formação, movimentação etc.);
- Gungaku - teoria da arte militar (estudo de sua natureza e princípios).
No Bujutsu, de uma forma prática, algumas das estratégias básicas de combate se diferem das táticas utilizadas no cotidiano. Todas são exaustivamente treinadas pelos praticantes, a saber:
- Ataque - possibilita empregar uma técnica antes que o oponente o faça. Baseia-se na iniciativa, no elemento-surpresa e na velocidade.
- Contra-ataque - possibilita aplicar uma técnica quando o oponente iniciou sua investida. Baseia-se no timing, na reação bem-calculada que usa o ataque inimigo como meio de defesa.
- Defesa - consiste em neutralizar a ação do oponente, impedindo que este atinja seu objetivo.
Todas elas possuem vantagens e desvantagens e, para que sejam utilizadas com sucesso, envolvem o estudo detalhado e a integração de diversos fatores, como: percepção, coordenação, respiração, auto-controle etc.
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